O Francisco chegou à nossa clínica após grave lesão. Jogador de futebol de profissão, atualmente na Polónia, teve o infortúnio de, num jogo, sofrer uma fratura da tíbia e do perónio. Além disso teve uma complicação associada, síndrome compartimental, o que o obrigou a algumas cirurgias.
O Francisco chegou de canadianas, incapaz de fazer qualquer carga em cima do membro lesado, muitas alterações de sensibilidade e circulatórias, e triste. Numa lesão destas, além de toda a parte músculo-esquelética temos uma componente emocional que deve ser bem gerida.
Traçamos planos de intervenção, avaliamos e gerimos espectativas e iniciamos trabalho. Primeiramente com o objetivo de melhorar a mobilidade das cicatrizes, melhorar a mobilidade do pé e estruturadas adjacentes e assim estimular quer sistema nervoso periférico (e central), quer sistema circulatório. A melhoria do retorno venoso era imperativo nesta fase.
Evoluímos para introdução de estímulos de carga, essenciais para a consolidação óssea, e adquirir/normalizar a marcha. Desconfortos nos locais de fratura, perdas de massas musculares, algumas dores tendinosas e alterações de sensibilidade, essencialmente no pé, foram aparecendo pelo caminho. Estes obstáculos evoluíram sempre favoravelmente com o treino da marcha, com estímulo de carga e com todo o trabalho de fortalecimento muscular que foi efetuado.
A primeira vitória surgiu quando o Francisco foi conseguindo deixar as canadianas e se tornar mais independente na marcha. Nesta lesão são estas pequenas grandes vitórias que vão estimulando para o longo caminho a percorrer.
Com o normalizar da marcha veio a melhor capacidade de produzir força com todo o membro, o aumento da confiança, e a introdução da corrida. Mais uma etapa concluída.
Continuamos com todo o maturar de processos, avaliações constantes e sempre a escutar as sensações do Francisco. Neste momento está já em campo a treinar, estimulando o sistema para a parte mais técnica e para a exigência física do futebol. Novos desconfortos estão a surgir devido ao impacto a que o osso está a ser sujeito, mas acabam por ser essenciais para o seu regresso.
Quer na lesão do Francisco como em todas, o rigor na avaliação, o tratamento das disfunções e o fortalecimento das estruturas são imperativos para uma progressão segura e para o normal regresso quer a atividades profissionais quer lúdicas. A nossa formação, experiência e tecnologia disponível permite-nos de forma segura e eficaz evoluir, de forma consistente e o mais breve possível na recuperação de lesões, bem como manter o paciente consciente de todo o processo e seus altos e baixos.
O nosso Francisco tem ainda algumas batalhas pela frente, mas o futuro será certamente risonho. A sua resiliência e força de vontade sempre nos fizeram acreditar nisso.
